Os integrantes da Mesa de Honra. Foto: Oscar Jupiraci.

Na noite de terça-feira, 25/10, o Plenário Tereza Delta foi palco da comemoração dos 40 anos de existência da Comissão de Fábrica da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do Campo. A iniciativa foi da vereadora Ana Nice (PT) e realizada nos termos da Resolução n° 3.353, de 28 de setembro de 2022.

Compuseram a Mesa de Honra da solenidade: vereadora Ana Nice, José Roberto Nogueira da Silva, Olga Irene do Nascimento, Wellington Messias Damasceno e Moisés Selerges.

Em seu pronunciamento, a vereadora Ana Nice contou um pouco sobre a formação da comissão. “A comissão foi constituída no chão de fábrica, representando a classe trabalhadora, dialogando com a empresa, brigando para melhorar as condições de trabalho e, consequentemente, da vida das famílias dos trabalhadores. Quando as condições de trabalho melhoram para um indivíduo, melhora para toda a sociedade em que ele está inserido, seja para seus familiares, para o comércio do bairro onde ele mora e também para a empresa, porque um trabalhador que é bem tratado, que tem um salário digno, que tem qualidade no seu trabalho, vai executar muito bem suas tarefas, melhorando a qualidade do serviço e do produto final ao consumidor. Por isso a importância da comissão de fábrica da Volkswagen, que nasceu lutando por justiça social, igualdade, fraternidade”, destacou a vereadora.

“Eu sou fruto da organização da classe trabalhadora. E com certeza, a comissão de fábrica da Volks tem sua contribuição. Tenho a honra de presidir essa sessão dessa comissão gigante, não pelo número de membros, mas pelas conquistas, pela luta, participação e compromisso com a sociedade”, comentou Ana Nice. Foto: Oscar Jupiraci.

Destaques

José Roberto Nogueira da Silva, mais conhecido como “Bigodinho”, trabalha na Volkswagen desde 1985 e atualmente é coordenador geral da representação sindical na empresa. Foto: Oscar Jupiraci.

Olga Irene do Nascimento trabalhou na empresa por 34 anos como técnica em contabilidade e foi a primeira mulher eleita para a representação sindical em uma montadora. Foto: Oscar Jupiraci.

Vanderson Sbobi, gerente de recursos humanos da Volkswagen, representando a fábrica. Foto: Oscar Jupiraci.

Wagner Lima, funcionário da Volks há mais de 25 anos, onde iniciou sua militância sindical. Foi da comissão de fábrica entre 2004 e 2011. Foi coordenador geral da comissão e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Em 2020, foi eleito vereador de Santo André. Foto: Oscar Jupiraci.

Wellington Messias Damasceno, metalúrgico desde 2001. Em 2007, foi eleito membro da comissão de fábrica na montadora. Em 2011, foi eleito para integrar a coordenação do Comitê Sindical da empresa e, em 2017, tornou-se integrante da direção executiva dos metalúrgicos do ABC. Foto: Oscar Jupiraci.

Moisés Selerges, trabalhador da Mercedes-Benz desde 1985. Atualmente é o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Foto: Oscar Jupiraci.

A apresentação musical ficou por conta dos jovens do Centro Cultural Afro Brasileiro Solano Trindade. Foto: Oscar Jupiraci.

Um pouco de história

Em outubro de 2022, a Comissão de Fábrica na Volkswagen do Brasil completa 40 anos de existência e de defesa incondicional dos direitos dos trabalhadores da montadora. Sua história se confunde com a luta pela redemocratização do país e pelas garantias individuais e coletivas. É nesse contexto que nasce, resiste e se fortalece até os dias atuais.

A Volkswagen, desde sua instalação em São Bernardo do Campo, em 1956, é a maior empresa do setor automobilístico brasileiro. A relevância da fábrica aumentou após o golpe de 1964, já que a empresa se engajou no projeto de crescimento econômico promovido pelo governo federal estabelecendo metas de aumento da produção no final dos anos 1960 e início dos anos 1970. A empresa chegou a empregar mais de 40 mil funcionários, em sua maioria homens, em grande parte de migrantes nordestinos e de outras regiões do país. O principal produto da fábrica, o popular Fusca, tornou-se um dos principais símbolos do automóvel no Brasil.

Os trabalhadores da Volkswagen tiveram participação central nas greves metalúrgicas do final dos anos 70 e início dos 80, fundamentais no processo de redemocratização do país. E é nesse contexto que, em 1982, é criada a primeira e legítima Comissão de Fábrica dos Trabalhadores na Volkswagen do Brasil, vista até hoje como paradigma na organização de classe.

Ao longo de sua existência, se verificou o surgimento de várias lideranças sindicais e políticas, o que contribuiu, de maneira decisiva, para a solução de conflitos próprios das relações do trabalho quase sempre no local onde nasce, o chão de fábrica. Muitas dessas lideranças assumiram tarefas importantes no cenário político brasileiro, nos mais diversos âmbitos de atuação.  

Essa ainda jovem, porém, experiente comissão acumula um saldo de conquistas históricas que vão desde a redução da jornada de 48 para 40 horas semanais, como a conquista de garantias de emprego e de investimentos na primeira planta da empresa no Brasil, em São Bernardo do Campo.

Atualmente, com 37 integrantes espalhados pela empresa, a comissão de fábrica está presente no cotidiano dos trabalhadores, acolhendo suas reivindicações, pautando a empresa, promovendo diálogo e ações voltadas à criação de consciência de classe. Se no passado lutaram pela democratização das relações do trabalho, hoje lutam pela manutenção dos direitos já conquistados.

(Com informações da Resolução n° 3.353/2022)

  

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