Na noite de terça-feira (07/11), o Plenário Tereza Delta reuniu lideranças, representantes e praticantes do candomblé e da umbanda para comemorar o Dia do Axé. A iniciativa do vereador Netinho Rodrigues defende a liberdade de culto e o combate à intolerância religiosa. Foto: Oscar Jupiraci
Na noite de terça-feira (07/11), representantes de templos, tendas e terreiros da região do Grande ABC, reunidos no Plenário Tereza Delta, receberam certificados de honra ao mérito durante a sessão solene em comemoração ao Dia do Axé. A data, instituída por meio da Resolução n.º 3.322/2022, de autoria do vereador Netinho Rodrigues (PP), procura dar visibilidade aos cultos afro-brasileiros, combatendo o preconceito e a discriminação às crenças, rituais e práticas religiosas.
“A Câmara Municipal de São Bernardo do Campo é a casa do povo. Aqui não se olha a cor, a raça, a orientação sexual, a posição profissional nem a opção religiosa”, afirmou o vereador Netinho Rodrigues, responsável pela comemoração do Dia do Axé. Foto: Oscar Jupiraci
“Não podemos tolerar tentativas de cerceamento das liberdades na sociedade, na imprensa, na política e na religião. Cada um dos senhores e senhoras que estão aqui hoje representa a nossa herança como país e, principalmente como povo, que remonta ao Brasil colônia quando, junto com os africanos, chegaram aqui as raízes de nossas religiões. Mas, o mais importante: vocês levam alento a tantos corações e almas que precisam de palavras e de atos de conforto e esperança na vida. A intolerância, seja ela qual for, só traz malefícios para todos nós. Respeito é a base de toda boa convivência”, destacou o parlamentar em seu pronunciamento.
O 2º Relatório sobre Intolerância Religiosa: Brasil, América Latina e Caribe, divulgado em janeiro, mostrou que as religiões de matriz africana são as que mais sofrem com atos desta natureza no país. Segundo uma reportagem da Agência Brasil, em 2020 foram registrados 86 casos deste tipo. No ano seguinte, as notificações cresceram, chegando a 244 casos. Outras religiões também sofreram ataques semelhantes - entre elas a muçulmana, judaica e a indígena. Crimes contra a liberdade de crença podem ser denunciados na Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos pelo serviço Disque 100.
Acima, o vereador Netinho Rodrigues e convidados da solenidade fizeram uso da palavra na tribuna do Plenário Tereza Delta. Fotos: Oscar Jupiraci
Os doutores João Carlos, médico ortopedista, e Celiton, geriatra, e Mateus Ferreira, representando o deputado federal Marcelo Lima, compuseram a mesa de honra. A mãe Claudia Moreira Queiroz; o pai Ed Sant’Anna; o sacerdote Vagner Fábio Monteiro; o babalorixá Airton de Ogum e o pai Martins de Logun Edé prestigiaram a solenidade e foram convidados a discursar na tribuna.
Histórico
Além de designar o gênero musical dançante surgido na Bahia na década de 1980, a palavra “axé”, na língua iorubá, é a força vital que impregna todos os seres e coisas. Nas religiões afro-brasileiras, o termo representa a energia sagrada dos orixás. É também uma saudação que expressa votos de felicidade. Foto: Oscar Jupiraci
O candomblé surgiu no continente africano, na região onde hoje se situa a República Federal da Nigéria, e acompanhou as inúmeras levas de escravos que aportaram o solo brasileiro no século XVI. Proibida e discriminada por séculos, com seus praticantes presos e perseguidos, a religião fez uso do sincretismo como forma de legitimação, associando os orixás aos santos católicos. Cada um das divindades possui características e preferências específicas, como danças, comidas, cores, instrumentos e saudações. Os rituais são vivenciados em locais conhecidos como terreiros, casas ou roças. A liderança de cada um desses espaços pode ser matriarcal, com a figura das ialorixás (ou mães de santo), ou patriarcal, com os babalorixás (ou pais de santo). Há ainda aqueles que admitem liderança mista. Fonte: Agência Senado
Com grande número de adeptos principalmente nos estados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, a umbanda é uma religião sincrética tipicamente brasileira, formada a partir de vários elementos da cultura religiosa nacional, como catolicismo, espiritismo e cultos africanos. O sincretismo resultou da proibição imposta pelos senhores de escravos aos cultos africanos. Existem diversas ramificações da umbanda no Brasil, de acordo com a região. Entre as várias vertentes, destacam-se a Umbanda de Caboclo, de influências indígenas; a Umbanda Omolokô, de origem africana; a Umbanda Esotérica ou Iniciática, resultado de influências esotéricas; e a Umbanda Popular, que mistura as tendências anteriores. Fonte: Agência Câmara de Notícias
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