abre tradutorSessão foi presidida pelo vereador Pery Cartola (PSDB). Foto: Oscar Jupiraci.

Na noite de ontem, 27 de novembro, foi realizada sessão solene para comemorar o Dia do Tradutor e Intérprete em São Bernardo do Campo. A solenidade foi comandada pelo vereador Pery Cartola e realizada nos termos da Resolução n° 3.180, de 17 de outubro de 2018, de autoria do próprio vereador.

Compuseram a mesa de honra: vereador Pery Cartola; Ademir Médici, do jornal Diário do Grande ABC; Prof. Dr. John Milton da USP; Dra. Dolores Zacharias Valerio, assessora da Secretaria de Cidadania, Assuntos Jurídicos e Pessoa com Deficiência, representando o prefeito Orlando Morando; Daniel Erlich, representando o Sindicato Nacional dos Tradutores (SINTRA); Luiz José Moreira Salata, presidente da Sociedade Cultural Brasilitália e Adriane Macarini, professora de surdos do município.

discurso peryPery Cartola destacou que essa é a primeira sessão solene que comemora o dia do tradutor e o dia do intérprete no município de São Bernardo do Campo. Foto: Oscar Jupiraci.

video vouzelaDurante a solenidade, foi exibido um vídeo enviado pelo Sr. Rui Miguel Ladeira Pereira, presidente da Câmara de Vouzela, cidade de Portugal para agradecer o reconhecimento da importância de João Ramalho para os cidadãos são-bernardenses. João Ramalho nasceu em Vouzela e veio mais tarde para o Brasil, na região de São Bernardo do Campo, onde exerceu papel fundamental de comunicador entre os portugueses e os povos indígenas locais.

A tradução está presente no dia a dia de todos: nos livros de literatura estrangeira, notícias de jornais de outros países, legendas e dublagens de filmes, documentos que chegam do exterior, congressos e reuniões internacionais. Até mesmo bulas de remédios e manuais de eletrodomésticos precisam de tradução. Uma boa tradução não pode parecer uma tradução, tem que parecer invisível, não pode alterar o sentido.  

Tradutor é o profissional que trabalha com textos escritos; já o intérprete, dedica-se à linguagem oral. Ao longo da história do Brasil, a figura do intérprete sempre esteve presente. Nas próprias tribos indígenas havia os que exerciam o papel de intérpretes das diferentes línguas indígenas.

Portugal, ciente da importância estratégica de se ter uma comunicação efetiva com os povos de suas colônias, possuía intermediários que exerciam o papel de intérpretes. Com este intuito, por volta do ano de 1515, João Ramalho foi enviado para o Brasil para que aprendesse a língua dos povos locais e facilitar a comunicação. Essa função ocupada por ele está comprovada em cartas e registros.

João Ramalho casou-se com Mbycy, mais conhecida como Bartira, índia filha do chefe da tribo dos Guaianazes, o cacique Tibiriçá. Como filha do cacique, Bartira conhecia a língua das tribos locais e também exerceu o papel de intérprete e conciliadora. Importante destacar que um dos filhos do casal, André Ramalho, também foi intérprete, tendo acompanhado o padre Manoel da Nóbrega em sua jornada de catequização pelo interior do Estado de São Paulo.

O tradutor também sempre esteve presente na história, traduzindo e interpretando documentos, livros, reuniões, segredos de fábrica e relatórios financeiros, bem como legendando filmes.

Em São Bernardo do Campo, desde o ano passado, tradutores e intérpretes têm se reunido em encontros bimestrais para discutir temas de interesse da área e promover a troca de conhecimentos. Nestas reuniões, realizadas no bairro do Rudge Ramos, têm comparecido profissionais das cidades do ABC e de outros municípios da região metropolitana de São Paulo.

O município de São Bernardo do Campo reúne uma grande quantidade de tradutores e intérpretes, não só pela importância cultural da nossa região, como também pela sua importância comercial e industrial. Aqui, existem desde tradutores e intérpretes ligados a indústria da cidade, até profissionais que atuam no âmbito nacional, traduzindo livros, filmes, novelas e outros documentos culturais. Além disso, dada à globalização da profissão e a facilidade de comunicações mundiais, muitos dos tradutores e intérpretes do Grande ABC atendem clientes do exterior traduzindo desde documentos técnicos e financeiros até peças publicitárias, bem como atuam em congressos e reuniões não só no Grande ABC como em todo o Estado de São Paulo e no exterior.

banda tradutorBanda Teorias do Amor Moderno fez uma apresentação da canção do tradutor intérprete. Foto: Oscar Jupiraci.

ligia tradutorLígia Ribeiro fez uma apresentação de um poema de sua autoria que homenageou os tradutores e intérpretes. Foto: Oscar Jupiraci.

Ao final da sessão foram entregues homenagens a representantes de associações que representam a categoria dos tradutores e intérpretes. Foram homenageados:

- Daniel Erlich, representando o SINTRA (Sindicato Nacional dos Tradutores), entidade oriunda de um grupo de tradutores que se abrigava no Rio de Janeiro, desde o início dos anos 1970, na SBAT – Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. A primeira conquista desta antiga associação de tradutores foi o reconhecimento da profissão de tradutor, que se deu em 1988. O SINTRA é, desde sua inscrição no Ministério do Trabalho e Previdência Social, o órgão que representa os tradutores e intérpretes em todo o território nacional.

- Isabel Vidigal, representando a APTRAD (Associação Portuguesa de Tradutores e Intérpretes). A associação surgiu com o objetivo de preencher lacunas no panorama português e internacional da profissão e de contribuir para a valorização e credibilidade da figura do tradutor e do intérprete da língua portuguesa. Atualmente, com cerca de 450 associados, a APTRAD conseguiu nos seus quase 4 anos de existência atingir metas importantes e organizar eventos de sucesso, exibindo um crescimento sustentado para ser o ponto de encontro fundamental para a troca de ideias entre todos os intervenientes do setor, aproximando a academia, as empresas, os freelancers, os sindicatos e as associações profissionais.

- Jayme Costa Pinto, representando a APIC (Associação Profissional de Intérpretes de Conferência). Nascida da necessidade de reunir em um órgão de classe os profissionais ativos do campo da interpretação simultânea, a APIC foi criada em julho de 1971 por oito intérpretes de São Paulo. Ao longo dos anos, a APIC cresceu e se tornou referência nacional no setor, aumentando o número de membros efetivos e correspondentes dentro e fora do Brasil. Sempre dedicada ao esforço de manter no mais alto nível a qualificação técnica e o desempenho profissional de seus associados, a APIC conta com membros nas principais praças do país, além de correspondentes em países como Alemanha, Argentina, Barbados, Bélgica, Bolívia, Canadá, Chile e Estados Unidos.

- Val Ivonica, representando a ABRATES (Associação Brasileira de Tradutores e Intérpretes). É uma associação que em 2019 completará 45 anos de existência, sendo reconhecida internacionalmente por seus esforços em busca da valorização das profissões de tradutor e intérprete não somente no Brasil, mas mundo afora.

- Antonio Alberto Dias Castro, representando a ATPIESP (Associação Profissional dos Tradutores Públicos e Intérpretes Comerciais do Estado de São Paulo). Fundada em 23 de março de 1963, a ATPIESP reúne profissionais de tradução juramentada e é hoje a interlocutora dessa classe perante a Junta Comercial do Estado, os órgãos pertinentes e o público em geral.

- Regina Alfarano, representando a ATA (American Translators Association). A ATA oferece certificação em 30 pares de línguas. Os exames para certificação são realizados nos Estados Unidos e em vários países, incluindo o Brasil. A sede da Associação está localizada em Alexandria, Virginia. Os congressos anuais acontecem em diferentes regiões dos Estados Unidos.

- Richard Laver, representando a AIIC (Associação Internacional de Intérpretes de Conferência). É a única associação mundial de intérpretes de conferência. Fundada em 1953, nela reúnem-se mais de 2600 intérpretes de conferência profissionais em mais de 80 países. A associação tem como meta representar a profissão e agir em nome de todos os intérpretes de conferência.

- Danilo Nogueira, representando a Barcamp ABC. Um Barcamp é uma reunião aberta entre colegas para palestras e discussões informais de assuntos que interessam a todos. No ABC, são realizados há um ano em São Bernardo do Campo e atraem participantes de todo o ABC, de São Paulo e de outros municípios, além de colegas de outros estados, em visita, e estudantes de tradução e interpretação.

- Édi Oliveira, representando a Barcamp SP. O primeiro Barcamp de Tradutores e Intérpretes de São Paulo aconteceu no mês de dezembro de 2016, por iniciativa das tradutoras Bárbara Zocal e Priscila Antunes Oliveira. Ao todo, 15 encontros já aconteceram, abordando os mais diversos temas da área de tradução e interpretação, como contabilidade, networking, tradução audiovisual, interpretação, acessibilidade, organização de arquivos e pesquisa avançada, entre outros. Os encontros recebem, em média, entre 30 e 40 participantes, que podem aproveitar o espaço para enriquecer seus conhecimentos na área e fazer contatos, ferramentas fundamentais para profissionais do setor.

- Adriane Macarini, pedagoga formada com especialização em EDAC, pós-graduada no curso de tradução e interpretação e ensino de LIBRAS, professora de surdos concursada no município de São Bernardo do Campo há 24 anos, autora do projeto pioneiro de Acessibilidade para surdos em SBC.

- Prof. Dr. John Milton, Inglês, de cidadania brasileira, é tradutor, professor e agitador cultural. É um reconhecido pesquisador de tradução e tornou-se um dos principais agentes da tradução literária no Brasil.

- Ana Julia Perrotti Garcia, representando o PROFT (Simpósio Profissão Tradutor). O Simpósio reúne anualmente, desde 2010, um número cada vez maior de tradutores, intérpretes, estudantes e profissionais de áreas afins, para momentos de aprendizado, compartilhamento de informações, trocas de ideias e difusão de conhecimentos.

- Cátia Franco de Santana, representando o TRADUSA, que é uma iniciativa que surgiu em 2015, com o objetivo de contribuir para a formação e o aprimoramento profissional de tradutores e intérpretes da área da saúde e promover o intercâmbio de informações e conhecimento entre esses profissionais, idealizado pelas tradutoras Cátia Santana e Samantha Abreu.

- Adriana Kauffmann, representando o Catálogo Premium de Tradutores e Intérpretes. A ideia primordial do Catálogo é ser como uma lista telefônica, aproximando os intérpretes dos clientes sem a necessidade de intermediários, oferecendo uma solução completa: intérpretes de vários idiomas, tradutores juramentados e empresas de locação de equipamentos.

- Historiadores: Maíra, do Museu de Santo André; Jorge Magyar, do Departamento de Memória da Prefeitura de São Bernardo do Campo; Marcelo Silva, Jimmy dos Santos e Lucas dos Santos da Biblioteca Legislativa da Câmara Municipal de São Bernardo do Campo.

homenageados tradutorRepresentantes de associações que representam a categoria dos tradutores e intérpretes receberam homenagens durante a solenidade. Foto: Oscar Jupiraci.